Nossa Cidade

A sede de Amontada tem sua história e evolução intimamente ligada ao território amontadense inteiro, haurindo-se sua razão de ser de todos aqueles que compuseram e ainda compõem a coletividade. Quem pretende historiar os primórdios de determinada civilização, terra ou povo, há de ter em mente que, por mais que se recue no passado, conforme pontifícia o antropólo francês Teilhard de Chardin, os primeiros inícios costumam fugir no nevoeiro dos tempos, de onde nem a mais requintada ciência os consegue arrancar. Amontada não escapa a regra, porquanto, ao surgirem das brumas do tempo os nomes das primeiras pessoas e famílias a darem vida a esta terra, já existiam um povoamento anterior, de nome próprio São Bento da Ribeira do Aracatiaçu, onde o "São Bento" sugere que, antes da chegada dos primeiros colonos portugueses historicamente conhecidos, já houve presença de "brancos" na região. Aceita, pois as fatalidades do não-acesso àquele período pré-histórico, satisfazem-nos em tentar reconstruir a história propriamente dita de Amontada, com base nas informações disponíveis. Há informações de documentos escritos e relatos pessoais. As informações registradas são raras e não tiveram no passado a atenção necessária à conservação por parte dos primeiros moradores da cidade. Já os relatos pessoais, ainda que aqui e ali são consideradas incompletas, distorcidas e manipuladas, vêm de pessoas de idade provecta, vivas ainda hoje. A história de um município precisa ser vista, levantada e interpretada a partir de seu território inteiro, não só com base na sua sede urbana. A sede de Amontada tem sua história e evolução intimamente ligada ao território amontadense inteiro, haurindo-se sua razão de ser de todos aqueles que compuseram e ainda compõem a coletividade. Começamos a trajetória histórica com uma elucidação da paróquia de Amontada, porque este fator religiosos lança muita luz sobre a realidade amontadense dos tempos passados. Religião - Não se desconsiderando a atuação e o mérito ético-religioso de outros credos- Igreja Cristã Evangélica, Adventista do 7 Dia, Assembléia de Deus, Deus é Amor, Missão Evangélica, Batista, Missão Pentecostal do Brasil, Testemunha de Jeová, Remanescentes, Universal do Reino de Deus -, que em tempos recentes – de 1962 para cá – chegaram a Amontada, a Igreja Católica Romana esteve presente à história do município desde os seus primórdios. Exatamente pelo seu longo percurso histórico exige que aqui destaque especial dentro do contexto diacrônico de Amontada. Em 1757, por ato do Bispo de olinda-Recife, foi criada a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Amontada, em conseqüência da divisão do Curato de Acaraú em quatro paróquias. A sede da nova freguesia era a capela de Amontada (a Amontada Velha de hoje), nas imediações do atual município de Miraíma. Havia, entretanto, um empecilho canônico para que esta capela funcionasse oficialmente como sede paroquial, porque o fundador daquele povoado, o "capitão-mor" José Antônio dos Santos, havia construído a igrejinha sem doar o terreno à Igreja. Que este oratório efetivamente funcionou como sede de freguesia deduz-se, entre outros, do fato de, durante os ceracde trinta anos subseqüentes, existir nenhuma outra capela em território amontadense, mesmo assim havendo registros de três vigários de Amontada durante este período, lavrados por ocasião de casamentos e sepultamentos. Em 1788, o Capitão Manuel Gomes do Nascimento, residente na Lagoa do Barbatão (na atual sede de Amontada), resolveu doar à igreja meia légua em quadro na margem direita do rio Aracatiaçu com o intuito de aí construir uma capela que tivesse condições canônicas para ser sede de freguesia. Conseguiu o que queria, mas sua decisão haveria de levar a uma situação conflituosa entre as duas famílias fundadoras, as duas capelas e os dois povoados. Os moradores mostram a história do pequeno português Gabriel Cristóvão Muniz Barreto Teles de Meneses, que ao chegar ao Brasil, com apenas sete anos de idade, fixou residência nas terras da Lagoa do Barbatão. Foi ali que ele adquiriu três léguas de terra à direita do rio Aracatiaçu e do lado poente limitada pelo rio Aracati-Mirim. Naquele tempo, outro português – José Antônio dos Santos, cognominado "capitão-mor", morava na fazenda de Amontada, hoje chamada de Amontada Velha, distante cerca de 15 quilômetros da Lagoa do Barbatão. Este português havia construído em suas terras uma capela e conseguido do bispo de Lisboa uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Segundo os familiartes, ele era um miserável e negou a doar a terra à Santa, o que constituía um obstáculo eclesiástico para o funcionamento oficial da igrejinha como sede paroquial. Enquanto isso, o Sr. Gabriel casou a sua filha única Maria de Santa Rosa Lins a outro português recém-chegado, Manuel Gomes do Nascimento, dando ao casal como dote todas as terras da lagoa do Barbatão e mil cabeças de gado. Manuel, então, construiu nesta propriedade um nicho, (proclamando São Bento como padroeiro) o nome São Bento já existia na boca dos habitantes da região, invocando-se este santo contra mordidas de cobra, animal abundante nas imediações da Lagoa. Acontece que, enquanto as festas de Amontada eram animadas, as de São Bento eram inexpressivas. Foi aí que o sogro Gabriel sugeriu ao genro – este não tinha filhos – que doasse terreno da Lagoa a Nossa Senhora da Conceição, para assim conseguir das autoridades eclesiásticas a transferência da padroeira de Amontada para São Bento, passando esta localidade então nova a sede da freguesia. Sogro e genro viajaram a cavalo para Aracati-Jaguaribe, seguindo de lá por via marítima para o Rio de Janeiro, onde embarcaram num transatlântico rumo a Lisboa. Lá fizeram a proposta da doação ao Bispo, que a aceitou mediante lavramento de uma carta de cessão e em termos de sesmaria. A doação compreendia meia légua em quadro. Os dois viajantes voltaram para o Brasil e registraram o documento da cessão no cartório real de Petrópolis. Depois de seis meses estavam de volta a São Bento, tratando de registrar a doação, a nível regional, na Comarca de Sobral. O terreno doado foi nas condições de nele ser construída a Igreja Matriz de Nossa senhora da Conceição, padroeira daquela Freguezia, inclusive cinqüenta vacas, para serem abatidas na feitura da matriz, para a qual obrigavam três escravos e três carros e bens até a edificação, porém que sendo se não faça a dita Igreja Matriz na dita terra, tornará ao casal como de antes. Quando sogro e genro notificaram o "capitão-mor" de Amontada sobre a transferência da Santa e dos direitos conseqüentes, este se irritou e resolveu, ele também, ter com o Bispo de Lisboa a fim de desmanchar o negócio. Não conseguiu. Na sua volta já encontrou São Bento com sua nova padroeira e uma igreja maior em construção (onde hoje é a igreja matriz). Uma briga feia eclodiu entre as duas famílias, de que a imagem da Santa se tornou o centro – o pessoal de Amontada tirava a estátua da igreja de São Bento, e prontamente os de São Bento respondiam da mesma maneira, trazendo a imagem de volta. O vaivém da estátua deu origem à crença popular de que a santa voltava por conta própria para este ou aquele lugar. Enquanto povoados e famílias se desentendiam, Amontada foi perdendo prestígio para São Bento, reduzindo-se a igrejinha mais antiga a ruínas. Mas São Bento também não cuidava corretamente de sua igreja, cuja construção se arrastava anos a fio, a ponto de o visitador canônico ainda a encontrar em fase de acabamento em 1806. Assim, aguçada a rivalidade entre os dois povoados e estando em precárias condições físicas ambas as igrejas, o Bispo de Fortaleza – esta cidade fora erguida a sede de bispado em 1803 – resolveu transferir a sede da freguesia para Arapari (1846) e, posteriormente, em 1868, para Imperatriz (Itapipoca). Os amontadenses reagiram e conseguiram sua sede paroquial de volta em 1873, desta vez em definitivo, sendo seu primeiro vigário o Padre Joaquim Teodoro de Araújo (1875-1915). Quanto ao aspecto de urbanização de Amontada, putro fator existe, não menos importante e decisivo, que imprimiu sua marca à cidade – as atividades da região e, especificamente, a comercialização dos produtos interioranos. Portanto, o povoamento do Município começou no século XVII, com o trabalho de catequese junto aos índios tremembés. Após sucessivas elevações e depressões, Amontada consegue a sua emancipação política de Itapipoca, sendo, portanto, elevado à categoria de Município no dia 5 de fevereiro de 1985. A decisão pela a Independência de Amontada nasceu da vontade popular, através de plebiscito. O resultado positivo da consulta foi anunciado e festejado com euforia pelos moradores no dia oito de janeiro de 1985. Houve manifestação popular e carreata com fogos de artifício e batuca pelas ruas da cidade. Já a eleição para a escolha do primeiro prefeito de Amontada acontece em novembro do mesmo ano - 1985. Dois candidatos disputaram o pleito: José Agenor Henrique e José Abílio Bruno – in memória. Na disputa pelos votos, José Agenor, filho do agropecuarista Assis Henrique e de dona, Luzanira Henrique, levou a melhor e foi eleito para o mandato 1986-1988. A posse de José Agenor e do seu vice-prefeito, Salustiano Teles Neto aconteceu no dia primeiro de janeiro de 1986. Também foram empossados os nove vereadores eleitos da Câmara Municipal.

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